Pular navegação

Monthly Archives: janeiro 2023

Um sujeito reclama ao amigo que a sua vida em casa estava um inferno. O amigo o aconselha a por um bode na sala. Ele segue o conselho. O bode exala um cheiro ruim, suja a casa e ataca os familiares, que se unem contra a presença do bicho. O sujeito, então, o retira da sala. A paz volta a reinar.
Parábola chinesa

Jair Bolsonaro deixa o palco. E um país geopoliticamente subjugado, tecnologicamente atrasado, dependente, mais pobre, precarizado, ignorante.

Transferiu dinheiro da Saúde, das pesquisas para os megaespeculadores. Remunerou os bancos por um dinheiro que eles não emprestam, livrou-os de impostos, ajudou-os a registrar lucros históricos.

Fatiou e privatizou a Petrobras, aumentando o preço de combustíveis essenciais, ressuscitando os fogões à lenha.

Privatizou a lucrativa Eletrobras, construída com o suor dos consumidores, após campanha midiática de difamação da estatal.

Mesmo com as privatizações, aumentou a dívida pública em R$ 1 trilhão e gastou mais de U$ 60 bilhões das reservas do país. Ainda assim, seu Real megadesvalorizado conseguiu façanhas históricas.

Obrigou o brasileiro trabalhar por mais tempo, minou seu poder de compra, acabou com os estoques nacionais de alimentos e recolocou o país no noticiário da fome.

Com discurso anticrime, facilitou a vida do crime organizado.

Com discurso nacionalista, entregou o país aos estrangeiros.

Apanhado por uma pandemia, encorajou as pessoas a se infectarem enquanto sabotava o trabalho de estados e municípios.

Nomeou dirigentes com histórico de ilegalidades, negou auxílio financeiro para professores, prestadores de serviço, garçons, taxistas.

Enquanto atuava para a mídia, seu operador econômico-financeiro, Paulo Guedes, faturava com os seus. A Bozano, ora Crescera, investiu pesado no setor funerário durante a pandemia, mas também nos testes de Covid. Sua cria, o Pactual – ora BTG – abocanhou negócios dos bancos públicos, instalando funcionários no governo.

A via governo-capital privado esteve sempre congestionada.

A marionete vai, os titereiros ficam

Roberto Campos Neto, outro filho da Bozano, comandará o Banco Central criado por seu avô.

O pai das pedaladas que embasaram o golpe de 2016 será o ministro da Defesa.

Paulo Lemann, eminência parda do golpe, herda a Eletrobras, também infiltrando funcionários na máquina.

O consórcio jurídico-militar responsável pela presidência do capitão, que mergulhou “de cabeça no ‘submundo’ das mídias sociais” e fez do Exército Brasileiro “o órgão público com maior influência no mundo digital no Brasil” seguirá operando.

Seus soldados midiáticos (apud Piero Leirner) passam a operar no primeiro escalão.

O Congresso, cúmplice do assalto aos cofres públicos, e a Suprema Corte que o legitimou também saem impunes. E os carrascos da oposição são ressignificados como heróis.

A mídia, legitimadora da miséria bolsonarista, seguirá conformando os espiritos.

Porque o bode saiu da sala.